De como tudo começou

23-10-2010 21:42

Meu filho teve o primeiro contato com o computador ainda no primeiro ano de vida, resultado de muita curiosidade e insistência.  Sentadinho no meu colo, deixei que ele manipulasse o mouse, acreditando que ele fosse apenas explorar o objeto ou quem sabe, levá-lo à boca (como faria com qualquer outro objeto que fosse parar em suas mãozinhas) e qual não foi minha surpresa ao ver que ele movia o mouse e simultaneamente acompanhava o cursor na tela, com uma naturalidade que me deixou maravilhada. Não que meu filho, particularmente, tenha algo especial – mas ele faz parte de uma geração muito especial, que já nasceu inserida nesse universo – os chamados nativos digitais. Crianças que parecem já ter nascido sabendo usar computadores e todo tipo de eletrônicos e que em geral, antes mesmo de aprenderem a ler, já são capazes de ensinar aos pais funcionalidades e recursos dos aparelhos que os próprios donos desconheciam; que navegam na internet com autonomia e desenvoltura, dominando as ferramentas e a linguagem digital com uma facilidade surpreendente.

 

 

Desde  bem pequeno, meu filho já usava intuitivamente softwares e jogos, acessava a internet e até digitava algumas urls antes mesmo de saber escrever.  Sendo eu própria, uma usuária apaixonada da rede –  permaneço conectada a maior parte do tempo e já nem separo mais a vida virtual da real, que com a convergência de mídias, vêm se tornando cada vez mais complementares – não pude deixar de acompanhar com muito interesse as descobertas e conquistas dele, e claro, incentivar sua incursão no mundo virtual. Navegando com ele, descobri um universo vastíssimo de informações passadas de modo extremamente dinâmico e divertido, através de sites, blogs, jogos, vídeos, comunidades virtuais, enfim, muitas possibilidades de construção lúdica do conhecimento e de apropriação e compartilhamento de conteúdos pelas próprias crianças.  Meu filho, por exemplo, tão logo dominou a linguagem escrita, resolveu que queria fazer um blog.  Foi lá e fez. Claro que eu ajudei e ajudo até hoje, mas a idéia e a concepção do blog são dele e é ele quem produz o conteúdo que vai postar.  Volta e meia eu preciso lembrá-lo de dar uma atualizada - é que assim como os brinquedos comuns, os "brinquedos" digitais também são relegados a um segundo plano depois que deixam de ser novidade.

 

Foi através das vivências do meu filho na internet que comecei a me interessar sobre cultura digital infantil e pelas tecnologias na educação. Desde então, tenho lido livros, artigos, dissertações e qualquer conteúdo pertinente ao assunto.  Se já adorava a internet antes, acabei por me tornar uma grande entusiasta de seu uso em novas práticas pedagógicas.  Os inúmeros recursos que ela disponibiliza podem ser ferramentas incríveis, quando utilizadas adequadamente, para comunicação, aquisição e troca de informações e conhecimento de um modo geral. Existem sites educativos simplesmente geniais, e até mesmo jogos que podem ser utilizados para estimular as crianças em inúmeros aspectos.  Eu sempre incentivei meu filho a navegar por sites como o discovery kids e o mingau digital, e quando percebi que jogos eram seu grande interesse, procurei usar isso em seu favor, buscando jogos educativos ou cujos conteúdos não fossem prejudiciais ao seu desenvolvimento nem contrários aos valores que eu passo pra ele.  Claro que isso exige que eu dedique boa parte do meu tempo, selecionando conteúdo, acompanhando e supervisionando a navegação dele, mas tive resultados muito positivos, como por exemplo, meu filho ter aprendido a ler sozinho, espontaneamente, antes de completar cinco anos de idade.  Ainda que eu tenha oferecido outras formas de acesso à leitura, como, ler histórias para ele todos os dias (o que faço até hoje), o computador foi, sem dúvida, um grande estímulo - à aquisição da leitura para ele e conseqüentemente, para mim, à determinação de  fazer um  mestrado em Tecnologias na Educação.