Por um projeto educacional multidisciplinar e informatizado ao alcance de todos
Eu sei que um projeto educacional multidisciplinar e informatizado ao alcance de alunos de todas as camadas sociais ainda pode parecer uma possibilidade muito remota. No entanto, acredito que já seja tempo de educadores e administradores escolares colocarem essas discussões em pauta e pensar alternativas que possibilitem a implantação de tais projetos nas escolas o quanto antes. E sim, é possível implantá-los em qualquer escola, com os recursos materiais e humanos de que ela já dispõe.
É de vital importância que toda criança tenha acesso à educação informatizada, uma vez que a sociedade está se informatizando de maneira cada vez mais rápida e efetiva e até mesmo as relações pessoais estão sujeitas às tecnologias em rede. As crianças já conhecem o potencial dessas redes, mas precisam ser educadas para fazer bom uso delas e conscientizadas sobre seus direitos e deveres enquanto “cidadãos digitais”. Logo, uma educação “analógica”, ou seja, cujo projeto ainda esteja fundamentado sobre os princípios e rigidez da educação tradicional, não será mais suficiente para formar os cidadãos e profissionais do futuro. A previsão é de que uma possível ineficiência na inclusão e formação de nossas crianças sob esta nova realidade resulte em uma camada de exclusão onde predominem os “analfabetos digitais funcionais”, a exemplo dos analfabetos funcionais, que sabem decodificar a linguagem escrita sem contudo interpretá-la ou compreendê-la adequadamente. Ou seja, em uma perspectiva de sociedade tecnológica e informatizada, teremos pessoas que, ainda que saibam utilizar a rede, o façam de maneira rudimentar, tendo esta pouca relevância na busca por informações e aquisição de cultura e conhecimento e melhoria na qualidade de vida, sendo nula na capacitação para o trabalho nesta nova realidade de mercado.
As escolas devem se mobilizar para criar projetos e/ou disciplinas voltados à educação dos alunos para o uso otimizado e seguro da rede, ou ainda, programas de orientação aos pais desses alunos, para que essa iniciativa ganhe continuidade em casa. Isso seria importante também para garantir que os pais dessas crianças não assumam posturas de total combatividade ao meio (o que é lamentável além de nem um pouco eficaz), nem de total permissividade, tranferindo para o computador a função de babá eletrônica outrora exercida pela TV em alguns lares. Todos sabemos que tanto TV como computador em excesso são prejudiciais ao bom desenvolvimento das crianças. No meu entender, crianças precisam de múltiplos estímulos para seu desenvolvimento como um todo: atividades físicas e de integração social, como passeios, brincadeiras e jogos em grupo e amplo acesso à cultura, através de espetáculos de teatro, concertos, visitas à museus e centros culturais. Particularmente, também acho importante que os pais estimulem os filhos a exercer sua espiritualidade, independente da opção religiosa que tenham. E sobretudo, que não se esqueçam que a qualidade do tempo que as crianças passam em família é de fundamental importância.
Cabe ressaltar que não acredito que exista projeto educacional perfeito ou completo. Mesmo a melhor escola com a mais avançada proposta pedagógica necessita de um apoio complementar que só pode ser alcançado através da interação da escola com a família, através da qual os responsáveis têm acesso ao conteúdo que é abordado em classe e o levam para o cotidiano familiar e vice-versa. E se tudo isso estiver disponível online, tanto melhor: a informática pode ser uma grande aliada na comunicação família-escola ou ainda, entre os alunos desta mesma escola – e por que não? Entre os familiares destes alunos – criando um canal dinâmico de troca de experiências e informações sobre propostas e práticas pedagógicas, tornando-as ainda mais ricas, interessantes e eficazes.