Sites destinados ao público infantil com conteúdo irrelevante, inadequado ou meramente comercial
Sempre que meu filho descobre um site ou atividade nova na rede, eu procuro explorar e avaliar o conteúdo junto com ele. Como já disse em um post anterior, existem muitos sites com propostas educativas e de entretenimento saudável - que costumo salvar no menu "favoritos" para facilitar o acesso dele. Mas também não é difícil encontrar sites que parecem ter sido elaborados somente para fins comerciais, em sua maioria, associados a empresas.
Há ums dias atrás, acessamos um site patrocinado por uma grande empresa de papel, onde todas as opções de atividades (desenhos para colorir, caça-palavras, cruzadinhas, etc.) exigem que a criança imprima o conteúdo para poder brincar, e acredito que nem seja necessário mencionar que cada página impressa trará a logomarca da empresa e o desenho de sua mascote. Sendo ecologia a temática recorrente no site, eu esperava que, no mínimo, houvesse alguma menção ao consumo responsável de papel - mas é lógico que isso seria contraditório às atividades oferecidas. Em geral, esse tipo de site visa conquistar a simpatia da criança por uma determinada marca ou produto, de modo que essa possa vir a influenciar o consumo dos pais.
A publicidade se utiliza da vulnerabilidade e do poder de influência que a criança tem nas decisões de compra da família e claro, as mídias digitais não seriam excluídas dessas práticas. Cabe ressaltar que o consumismo infantil é um problema grave e que vem se tornando cada vez mais comum em todas as camadas sociais, afetando o desenvolvimento das crianças e a qualidade de vida das famílias. Se você deseja saber mais a respeito, o site do Instituto Alana tem muitas informações e material sobre o assunto.
A TV já cumpre o papel de bombardear as crianças com propaganda. A internet, tendo por principal característica a interatividade, bem que poderia ser um território onde a publicidade fosse acessada somente sob demanda - mas sabemos que não é bem assim. As ações de marketing, presentes em quase todos os sites, não são necessariamente nocivas e muitas vezes viabilizam a existência de sites bem bacanas.
Por isso, considero importante dedicar um tempo para acompanhar a atividade do meu filho na rede e analisar o conteúdo que ele acessa (isso pode ser feito através da opção "exibir histórico" do browser utilizado pela criança). Cabe observar que nem todo site destinado ao público infantil tem conteúdo adequado. Alguns podem ser "inócuos", não chegando a ser prejudiciais, mas também não acrescentam em nada. Outros podem ser abusivos, como o da empresa de papel que citei acima, não só divulgando a marca e incentivando o consumo, como também coletando informações, como endereço de e-mail dos responsáveis. Experimente navegar como uma criança, clicando deliberadamente em links coloridos ou animados e verá que não é nada difícil encontrar sites com conteúdo irrelevante ou meramente comercial. Alguns destes, chegam mesmo a subestimar a inteligência dos pequenos ou ainda, estão repletos de erros ortográficos.
Não se trata de restringir o acesso da criança somente a conteúdo educativo, mas sim, de selecionar, para garantir que ela tenha acesso a conteúdo de qualidade. O entretenimento também é um recurso fantástico para construção de conhecimento. Os jogos, mais que simples brincadeira, podem estimular as crianças em múltiplos aspectos, desenvolvendo atributos desejáveis, como agilidade de raciocínio e capacidade para tomar decisões com autonomia. Ainda que pareça complicado, não é impossível direcioná-los para os sites previamente selecionados: às vezes basta um comentário positivo para despertar o interesse. Também é possível torná-los mais acessíveis, salvando links na barra de favoritos.